sexta-feira, outubro 03, 2008

ENTREVISTA AO JORNAL CARTEIA



1. Porque saiu do Louletano? O que é que se passou exactamente?
Saí do Louletano porque me foram oferecidas umas condições para largar Barcelona e vir para Loulé que depois não foram cumpridas pelo clube. Prometeram-me infantário para o meu filho mais novo e trabalho para a minha esposa. Acabaram também por me prometer casa. Na realidade o trabalho que arranjaram á minha esposa implicava que ela não pudesse estar com as crianças nos horários dos treinos ou dos jogos (visto que trabalhava á noite e fins de semana), o que me obrigou a optar por prescindir desse rendimento importante para poder cumprir os meus compromissos enquanto treinador e jogador. No final da época, no mês de Junho, chamaram-me para uma reunião em que me disseram que não podiam garantir nenhuma das condições acordadas e que eu teria de deixar a casa onde estávamos e que ja não queriam pagar esse mês (estávamos a dia 1 de Julho!!!). Durante o mês de Julho falaram comigo para ficar com as condições iniciais (mais uma promessa) e asseguraram o pagamento do apartamento até o fim de Agosto. Ainda andei para a frente e para trás em reuniões, sem saber se era para ficar ou não (até porque quando vim deixei trabalho e casa e não me mudei de armas, bagagens e familia para estar 3 meses em Loulé). No dia 28 de Julho encontrei o Sr Luís Ferreira nas provas de natação do jamor (Lisboa), que me indicou que eu teria de retirar as coisas de casa (em Loulé) esse mesmo dia!!!. No final do mês de Julho informaram-me que afinal seria para ficar no clube e que teria casa em Quarteira ou Vilamoura (estava confirmado pelo sr. Luis Ferreira). Para não haver equívocos ou poderem alegar novamente que eu é que não tinha percebido, e também para poder regularizar a minha situação junto do banco e outras instituições, pedi-lhes um contrato em que estivesse especificado o que tinha sido acordado entre as partes. Ficaram de me informar sobre isso em Agosto. No final do mês de Agosto e após repetidos contactos, recebi um sms que me informava que não podiam garantir nada do que em Julho prometeram e que ja tinham prometido anteriormente em Abril!! (a saber, casa, trabalho para a mulher e infantário para o meu filho mais novo) e que eu era livre de tomar a decisão que quisesse.

2. Esperava outra atitude por parte do clube? Porquê?
Esperava. Em primeiro lugar porque foram eles que fizeram os contactos e insistiram para que largasse a minha vida e viesse para Loulé. Em 2º lugar porque não se diz a um pai de família com 2 filhos pequenos que já não precisam dele e que pode ir embora da casa deles na semana a seguir. Confiei nas pessoas que me trouxeram para cá e fui enganado. Ingénuamente confiei que as coisas se resolvessem a bem e fiquei 2 meses na expectativa de se poder solucionar o problema, arranjar contrato de trabalho e permanecer no clube ao qual me afeiçoara e aos atletas que treinava. Fiquei triste quando ninguém deu a cara e é por sms que, depois de 2 meses de expectativa, sem indicação que as coisas não se iam resolver, me dizem que não vão cumprir nada do acordado para me trazer para Loulé e do acordado para ficar e “que eu era livre de tomar a decisão que quisesse”. Não estão a falar com um miúdo que vive com os pais e que se não jogar ali joga noutro lado. Estão a falar com uma pessoa com família e filhos pequenos, que não arranja trabalho de um dia para outro e acima de tudo que tem encargos a suportar!

3. Fábio Bota disse que o Sisco 'Não continua porque simplesmente não quer continuar, às vezes ficamos sem perceber as pessoas, mas é mesmo assim' (palavras dele). Que comentário faz a esta afirmação?
O Sr Fábio Bota devia pensar no que diz, pois ele foi uma das pessoas que prometeu mundos e fundos e depois desapareceu. Além de que se eu não quisesse continuar não tinha estado desde Julho a tentar resolver a situação e não tinha chegado ao fim de Agosto sem casa, trabalho e salário. Confiei demasiadas vezes na palavra de pessoas como o sr Fábio Bota e colocou a estabilidade familiar e financeira em risco para ser “chutado” pelas pessoas como o Sr Fábio Bota, depois de ter sido usado. Não tenho nenhum respeito a esse senhor.

4. Arrepende-se de ter vindo para o Louletano, deixando o seu país?
Sim. Porque vim acreditando num projecto e fui enganado e defraudado. Larguei a minha estabilidade financeira e familiar para auxiliar o clube no que acreditava ser um projecto de futuro e deparei-me com uma mão á frente e outra atrás, depois de apenas 3 meses.

5. Como está, neste momento a sua situação profissional? Porque é que decidiu assinar por esse clube?
Neste momento sou o treinador do Clube Fluvial Portuense. Decidi assinar por este clube porque além de ser um clube com bastante historia é um clube do norte, região para onde fui forçado a mudar (visto ter casa de família aqui) depois do louletano me ter expulso de casa. Por outro lado, como os restantes clubes sempre acreditaram que eu ficaria no louletano, já todos tinham contratado os treinadores e no dia 1 de Setembro, quando o presidente do Fluvial me telefonou para que nos reuníssemos e apresentasse uma proposta eu estava sem clube para treinar e a equacionar a possibilidade de abandonar uma paixão de sempre, que me levara a trocar um projecto profissional estável por um sonho em Portugal.
Patrícia Melão - Jornal Carteia